Há cinco anos, o chefe de cozinha Antônio Carlos De Luca, de 44 anos, era eleito síndico e assumia a administração do condomínio onde morava com a família, após uma votação em que nenhum dos vizinhos quis ocupar a função. Era difícil dimensionar o tamanho do desafio de comandar um condomínio semelhante a um clube, com quase 500 unidades habitacionais. A experiência, porém, mudou o rumo da carreira de Antônio Carlos, que se tornou síndico profissional, responsável pela gestão de oito prédios com os mais diversos tamanhos. Ele viu sua renda crescer 60% neste período, com dedicação exclusiva:
– É uma função que mudou minha vida, e não me vejo mais fora dela. Além de todo o conhecimento técnico, fiz diversos cursos e me dedico à gestão de pessoas.
A trajetória profissional de Antônio Carlos tem se tornado cada vez mais comum. O que tem seduzido boa parte dos síndicos profissionais é a expectativa de remuneração – que varia, em média, de 1,5 a 2,5 salários mínimos por condomínio – e o potencial de empregabilidade.
Dados do Secovi Rio mostram que há 29.979 condomínios na cidade do Rio, mas nem a metade com administradora responsável.
Além disso, somente 616 condomínios têm síndicos externos, sendo 344 profissionais, com formação específica. Por isso, trabalhadores com diferentes formações estão abraçando a função que, por muitos anos, foi sinônimo de dor de cabeça e aborrecimento. Por isso, o perfil do síndico vem mudando rapidamente:
– Já foi a época em que o síndico era aquele aposentado com disponibilidade de tempo. Agora, há muitos jovens com formação universitária ou técnica interessados na função – avaliou Marcelo Freire, gerente-geral de Condomínios da Apsa.
Para Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, a demanda por esse profissional tem crescido na esteira do aumento da complexidade da gestão dos condomínios, que hoje oferecem cada vez mais serviços e abrigam um maior número de moradores, com orçamentos cada vez mais robustos.
Segundo ele, uma das vantagens do síndico profissional é a capacidade de gestão especializada das finanças e uma visão imparcial das questões envolvendo os moradores. Para o especialista, ao contratar o síndico, a administração deve ficar atenta aos custos extras, além de cobrar uma otimização dos recursos financeiros.
– Em alguns prédios, o síndico morador fica isento da cota condominial e, neste caso, esse valor pode se aproximar bastante de um síndico externo profissional. Uma administração assim, no primeiro ano de gestão, pode pagar o investimento que os moradores fizeram (custo salarial), por meio da economia de recursos com pessoal, energia, água, obras e manutenção, entre outros itens. O conhecimento especializado em gestão faz muita diferença – opina Schneider.
Eu era representante comercial e acabei assumindo como síndico morador do meu prédio porque, onde resido, ninguém queria ser síndico. Eu tratava a administração com carinho, zelo e transparência. Fui sendo reeleito. Foi aí que descobri a paixão pelas gestões financeira e de pessoas e senti que deveria me capacitar na área. Eu percebi que existia ali uma grande oportunidade de carreira e consegui aumentar a minha renda mensal em mais de 50%, com a nova atuação. Hoje, eu administro dez condomínios entre os bairros de Recreio, Barra da Tijuca, Leblon e Laranjeiras.
Além de dominar questões sobre as normas que regem um condomínio e a legislação do setor, o síndico tem que se especializar em comunicação e gestão de crise. O profissional deve estudar as questões presentes no Direito Trabalhista, Fiscal e Tributário. Tem ainda que conhecer um pouco de estrutura e engenharia, além de sistemas prediais e gestão orçamentária, entre outros conhecimentos. Algumas entidades já oferecem cursos na área.
O Secovi-Rio oferecerá uma nova turma de administração de condomínios a partir do dia 2 de março. O curso abordará questões jurídicas, administrativas e financeiras para a eficiência e a eficácia da gestão condominial. As inscrições poderão ser feitas pela página www.secovirio.com.br.
Fonte: Extra, 26/01/2020
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