Comprar ou alugar um imóvel? Eis a questão. Ao pensar sobre um cantinho para chamar de lar, tal dúvida paira sobre a cabeça de muitos que têm a possibilidade financeira de fazer uma ou outra escolha. Enquanto os defensores da casa própria argumentam que a aquisição do bem é o melhor investimento que se pode fazer na vida, os que preferem a locação advogam a favor do gasto mais modesto com moradia e da sensação de não estar preso a um local de residência.
Especialistas consultados pelo EXTRA dizem que a decisão deve ser tomada com base em vários fatores, como o momento de vida. Portanto, não há regra. Contudo, o momento é favorável para a compra, já que a queda dos juros para o crédito imobiliário vem facilitando as condições de financiamento.
Dados do Sindicato da Habitação (Secovi Rio) indicam que o valor do metro quadrado para venda de imóveis no Rio de Janeiro caiu em todas as regiões da cidade nos últimos 12 meses. Por outro lado, o preço para aluguel subiu nas zonas Oeste e Sul, ainda que a variação não tenha sido expressiva.
De acordo com o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, isso é reflexo do aumento da procura por locação e da consequente diminuição da oferta de unidades vazias.
Para quem tem interesse em comprar, o alto estoque de imóveis ainda disponíveis para comercialização segura os preços em um patamar mais baixo.
– Essa redução dos preços e os juros declinantes têm tornado a compra uma opção mais atrativa – opinou o professor de Economia e Finanças do Ibmec Tiago Sayão.
– Antes, adquirir um imóvel financiado tinha um custo muito elevado. Hoje, por conta das taxas menores, os financiamentos imobiliários estão mais competitivos do que o valor do aluguel – completou Schneider.
Vantagens e desvantagens
Além da disponibilidade econômica para fechar negócio, é preciso analisar outras questões. Comprar um imóvel é um passo que deve ser dado por quem já está com a vida mais estabilizada e tem a certeza de que quer fixar moradia em um determinado lugar.
– Se a pessoa está fazendo uma mudança de bairro, cidade ou trabalho, a recomendação é que ela não faça a aquisição antes de ter a experiência de morar no local, para poder entender como é a dinâmica das redondezas – orientou o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Claudio Hermolin:
– A vantagem do aluguel é a mobilidade. Na dúvida, pode-se experimentar como é viver ali. O ponto negativo é a incerteza em longo prazo. Há risco de o proprietário querer o imóvel a qualquer momento ou pedir um preço que o locatário não pode pagar. Para quem tem filhos ou é idoso, a mudança pode não ser tão fácil. Tudo isso tem que ser ponderado.
Negociação com os bancos
Ao optar pela compra, o primeiro passo é fazer uma simulação de financiamento – a maioria dos bancos permite que essa consulta seja realizada virtualmente – e analisar que instituição financeira oferece condições melhores.
– Na negociação direta com o banco, a simulação pode ser usada como instrumento de barganha. É importante que o interessado na aquisição se informe sobre o Custo Efetivo Total (CET) do financiamento (que reúne todos os encargos). Não basta olhar os juros.
Deve-se sempre comparar também outras taxas que incidem sobre os valores, que variam de instituição para instituição – aconselhou Tiago Sayão.
Para Claudio Hermolin, devido aos recentes cortes nas taxas de juros, a compra do imóvel financiado se tornou vantajosa até para quem tem o dinheiro para fechar o negócio à vista. Assim, é possível guardar parte dos recursos para emergências.
Fonte: Extra, 25/11/2019
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