As companhias trabalham em três áreas: energia limpa e renovável; eficiência energética e hídrica e eficiência na gestão de resíduos. O primeiro grupo é o mais expressivo.
Mapeamento do Centro de Estudos em Sustentabilidade, da FGV, encontrou no país 136 cleantechs -das 55 que trabalham com energia limpa, 35 têm como foco a solar.
O estudo, que deve ser publicado em março, teve o apoio da ABStartups (associação do setor) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), entre outras instituições.
Cofundador da empresa Solar 21, Vinicius Ferraz, 31, estima que 5% das pessoas com quem fala sobre energia solar se preocupam com o “fator verde”. Já a economia anual na conta de luz prometida pela empresa, fundada há dois anos, pode chegar a até seis vezes esse percentual (30%).
A startup atua em duas frentes: aluguel e venda, e instalação de placas solares -a segunda gerou 90% do faturamento de 2018, R$ 800 mil.
O objetivo hoje, diz Vinicius, é inverter esse cenário, dando mais peso para os aluguéis.
Um condomínio residencial de Brasília foi o primeiro a receber as placas da Solar 21, no modelo aluguel, em setembro de 2017. No ano passado, segundo o empreendedor, a economia na conta de luz foi de mais de R$ 3.000 -a energia gerada pelo sistema abastece apenas as áreas comuns.
O prédio paga mensalmente uma taxa de R$ 1.000 para a companhia, além de um valor mínimo estabelecido pela concessionária de energia.
Quando o negócio estava sendo desenhado, a ideia era focar em pessoas físicas. Mais tarde, os três sócios perceberam que precisavam de consumidores com “constância de uso ao longo do ano”. Chegaram, então, aos condomínios comerciais e residenciais.
Para este ano, afirma Vinicius, o plano é assinar contratos de aluguel com outros quatro clientes, que equivaleriam, em termos de quantidade de energia produzida, a seis prédios similares ao de Brasília, além de fazer entre 20 e 30 instalações.
O plano depende de recursos. “Estamos conversando com um fundo para ver se conseguimos um aporte razoável, de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões”, afirma Vinicius.
Conseguir investimentos é uma das dificuldades dessas startups, de acordo com Paulo Branco, vice-coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade, da FGV.
“São negócios de maior risco, mas avaliados pelas métricas tradicionais. Esse tipo de tecnologia muitas vezes é inovador, e o analista de risco não consegue ver naquilo um atrativo”, afirma Paulo.
A CUBi, empresa que coleta e processa dados sobre consumo de energia elétrica, por exemplo, dependeu de um edital do Senai do ano passado para desenvolver a tecnologia por trás dos sensores que recolhem as informações.
Com essa parte solucionada, 2019 deve ser dedicado a esforços na parte comercial -a expectativa é passar dos atuais 12 clientes para 25, com foco no setor industrial, segundo Rafael Turella, um dos quatro sócios da startup fundada em 2017, em São Paulo.
Atualmente, a companhia tem 93 sensores ativos de diferentes tamanhos (o aluguel mensal de cada um varia de R$ 200 a R$ 700). A partir dos dados, são gerados relatórios que detalham os padrões de consumo de energia elétrica das fábricas. O intuito é encontrar brechas que possam gerar economia na conta.
“Os dados são extraídos e mastigados ao máximo, para facilitar a tomada de decisão do consumidor”, diz Rafael.
Segundo ele, a companhia tem um “potencial gigantesco” para crescer no mercado industrial, porque é um setor atrasado, em termos de eficiência no uso de recursos, e que depende muito de energia elétrica. “Não temos pretensão alguma de descer para o mercado residencial”, diz.
No caso da CUBi, novamente, o fator sustentabilidade “não é o início da conversa” com os potenciais clientes.
Nos monitoramentos, a startup expõe a quantidade de CO₂ equivalente ao consumo energético. “Alguns podem se aproveitar desses números, mas a faísca é sempre ‘precisamos economizar’.”
Fonte: Folha de São Paulo, 25/fev/2019
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